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Conceito de infância e os estudos de Philippe Ariès e Sigmund Freud

O processo de aprendizagem do ser humano é constante durante toda a vida. Existem vários processos pelos quais todos nós passamos durante a vida. E esses processos são essenciais para que as mudanças aconteçam. 

Apesar das mudanças serem parecidas para todos nós, isso não quer dizer que todas as pessoas passam ou passaram pelas mesmas experiências. Pelo contrário, cada um de nós lida com as mudanças (físicas e mentais) de uma forma diferente, pois existe o contexto cultural, social, político e econômico que acaba influenciando em como cada um irá lidar com essas mudanças (SANTOS, XAVIER e NUNES, 2009).

A concepção de criança que temos hoje em dia nem sempre foi a mesma. Na verdade, as crianças já foram tidas como semelhantes aos adultos e, portanto, tratados eram tratados da mesma forma que tratavam as pessoas mais velhas. (CAMARGO, 2002)

A análise feita por Ariès traz o conceito de infância que se deu nas construções sociais de três períodos históricos: 1) na Antiguidade até o século XII 2) do século XIII ao século XIX  e 3) do século XIX a atualidade (AIRÈS, 1986).

No primeiro período, segundo Ariès, a criança era considerada um adulto em miniatura por não haver distinção entre o mundo adulto e o mundo infantil, ou seja, a criança se “ingressava na sociedade dos adultos”. Também não eram retratadas em obras de arte, o que poderia se considerar um menosprezo dos adultos para com as crianças. O que faziam com os mais velhos não vissem as crianças como uma etapa da vida. 

 No segundo período, conforme evidencia o teórico, ocorreu uma mudança na perspectiva de criança. Agora, a sociedade passa a prezar pela inocência da mesma, portanto, a separa da vida dos adultos ao enclausurá-la na instituição escolar sob vigia dos preceptores (professores).  

Por fim, o terceiro período é caracterizado pela consolidação do conceito de infância. Ariès destaca que, neste período, a criança começa a ocupar o lugar central da família devido a ligação da mesma com a figura dos anjos que são tidos como eres puros e divinos. Foi nessa época em que a criança passou a ser contextualizada e vista em obras de arte pintadas ou esculpidas em formas angelicais.
Freud se baseia na estrutura do psiquismo: Consciente, Pré-consciente e Inconsciente. Mas acreditava que a maior parte da atividade psíquica era o inconsciente, por esse motivo, nos mostrou que não conhecemos os nossos sentimentos, desejos e pensamentos tão bem quanto nos imaginamos. E a sexualidade não estava no campo do biológico, mas no desejo e fantasia (FREUD, 1923).


Ainda nessa época, lançou o livro “O Eu e o Id” (FREUD, 1923), em que começou a perceber que o psíquico funcionava como id, ego e superego. O ‘ID’ pode ser considerado como a natureza do indivíduo, o ‘EGO’ como o instinto e o ‘SUPEREGO’ como a moral pregada pela sociedade.

Em que o ID não tem razão, lógica, moral e não tolera frustração. São feitos de impulsos inatos e de conjunto de desejos reprimidos e formula-se através do processo primário. Para Freud, nós nascemos apenas com o ‘ID’ e com o passar dos anos adquirimos o ‘EGO’. O ‘ID’ busca a satisfação incondicional do organismo. 

O ‘EGO’ é um processo secundário e de juízo de realidade, cognição, intelectual, lógico, racional, tolerância ou frustração em que “nasce” a partir do ‘ID’. O ‘EGO’ surge com pequenas interações ao longo da vida, sem conhecer a “realidade” consciente e ética, agindo, portanto apenas a partir de estímulos instintivos, o que lhe atribui a característica de amoral. Também equilibra a relação do sujeito com outras pessoas, além de buscar o máximo de gratificação para o seu ‘ID’.

Nos seus estudos, Freud (1923) percebeu que o ‘SUPEREGO’ funciona como controlador das impulsões do ID e das intenções do EGO. É o processo terciário onde as normas e regras da sociedade ficam guardadas, em que sempre o ‘SUPEREGO’ tenta proteger o sujeito das repressões inconscientes de fantasias e desejos a consciência não consegue aceitar.

Apesar da sexualidade ser para Freud algo comum entre crianças e adultos (FREUD, 1905), a sexualidade infantil requer 3 fases, diferentes das fases de um adulto. A fase oral, em que a criança sente prazer em por objetos e comida na boca, a fase anal, em que a criança percebe o mundo interno e o externo, com o treino de ir ao banheiro e a fase fálica, que é o momento em que a criança percebe a sua sexualidade e seu órgão genital, essa última é mais conhecida como complexo de Édipo.


Texto de: Giulia Vanessa Rodrigues da Luz - Ano: 2017


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AIRÈS, P. História social da criança e da família. 2° ed. Rio de Janeiro: [s.n.].
CAMARGO, P. S. A. S. Desenvolvimento Infantil e Processos de Aprendizagem e Ensino: alguns olhares e contribuições. Educar e sorrir, p. 1–20, 2002.
FREUD, S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. 7° ed. São Paulo, SP: [s.n.]. v. VII
FREUD, S. O Eu e o ID, autobiografia e outros textos. 16. ed. São Paulo, SP: [s.n.].
MATOSO, R. Cultura e desenvolvimento humano. Cadernos CenpecLisboa, POR, 2010.
PAIVA, N. M. N. DE; COSTA, J. DA S. A influência da tecnologia na infância : desenvolvimento ou ameaça? Psicologia.pt - O portal dos psicólogos, p. 1–13, 2015.

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