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Sujeitos da práxis pedagógica: o educador e o educando.




Como o educador e o educando – sujeitos ativos do ato pedagógico – podem relacionar-se democraticamente?
Quando falamos em educação, precisamos especificar bem que tipo de educação estamos nos referindo, pois existem dois tipos de educação: A educação formal e a informal.
A formal é a que estudamos nas escolas/universidades, em que tem objetivos específicos e seguem uma diretriz. Já a educação informal é aquela que se aprende no dia a dia, no convívio com a cultura, política, meio social e histórico, enfim, com a sociedade.
Para Durkeim (1911), a educação é um fator de coesão social que fala exatamente da educação informal. Essa que permite uma pessoa adulta e já com grande bagagem social, moral e ativa na sociedade transmita seus conhecimentos, valores e hábitos a uma criança desprovida de um senso social. Para Durkeim, essa coesão nos permite viver em ordem social e em consenso. Essa educação informal era vista por Durkeim como algo inerente ao ser humano. Todos os dias podemos aprender algo novo e esse aprendizado não é visto na escola, pois é um fator de coesão social.
Já na sociedade capitalista, a educação não serve somente para emancipar o Estado burguês da sociedade civil, mas para reforçar os valores da classe burguesa (que era a classe dominante). Para Karl Marx (2011), a educação serve para colaborar com a alienação, assim como pode contribuir com a emancipação humana.
Como diz Luckesi (1994), o educador e o educando são seres humanos e interagem uns com os outros. E essa interação independe de serem educadores e educandos, pois os seres humanos estão em relacionamento com outras pessoas durante toda a sua vida. As pessoas estão em total interação umas com as outras e isso faz com que elas compartilhem opiniões históricas, sociais, políticas e culturas, cada uma com a sua visão, pois todos esses fatores dependem de qual meio social e cultural que ela participa.
Segundo Durkheim (1978) e Luckesi (1994), o papel da ação educativa é formar um cidadão que tomará parte do espaço público, não somente o desenvolvimento individual do aluno. O educando precisa entender que o aluno não está na sala de aula apenas como aluno para aprender a disciplina que o educador está ministrando. Mas que está também como um ser humano, e que como pessoa já tem sua bagagem social e cultural, e esse fato não pode ser ignorado pelo professor. Assim como o aluno também precisa entender que além do professor ministrar sua disciplina, ele precisa ser acessível aos seus alunos.
Uma educação democrática só é possível quando as duas partes (educador e educando) entendem quais são os seus devidos papeis dentro e fora da sala de aula. Quando conseguem abrir um diálogo sincero dentro da sala de aula, sem que o professor seja o dono da verdade e o aluno apenas o ouvinte ou aprendiz. É pela educação e diálogo que as pessoas aprendem a educação formal e a informal, e através delas, as pessoas produzem regras e as consomem, ou seja, elas fazem parte da produção de uma regra na sociedade e a reproduz, pois a segue, ou ensina ao próximo.
Uma educação democrática precisa de um professor ou educador compromissado com o seu trabalho, pois o professor não educa apenas com a disciplina ministrada, mas com a vida e seus conhecimentos. Assim como o aluno, que também não aprende apenas a disciplina do professor, mas aprendem e ensina também os seus conhecimentos, desejos e mostra os desafios a serem superados dentro e fora da sala de aula.
Mas para que todos esses desejos consigam se tornar realidade, faz-se verdade uma frase de Karl Marx em 1845, “O educador precisa ser educado”. E ainda acrescento, que o educando precisa ser melhor ouvido.

Texto de: Giulia Vanessa Rodrigues da Luz - Ano: 2017


Referências Bibliográficas
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. 3° Ed. São Paulo: Cortez, 1994.
DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. 11° Ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978.
MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. Textos sobre educação e ensino. Edição eletrônica (e-book). Campinas, SP: Navegando, 2011.

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